O petróleo de Angola foi o terceiro mais caro do mundo entre 13 crudes dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), apenas ultrapassado pela Argélia e Guiné Equatorial.
Segundo o relatório mensal da OPEP publicado esta semana, entre os 13 tipos de petróleo que integram o cabaz de referência da OPEP, a rama Girassol angolana atingiu os 127,03 dólares em Junho, tendo também a maior subida em termos mensais (11,5% face a Maio).
Nos primeiros seis meses de 2022, o petróleo angolano esteve também entre os dispendiosos, fixando-se num preço médio de 109,94 dólares (65,29 dólares no semestre homólogo de 2021).
No topo dos mais caros ficou o petróleo argelino (Sahara Blend), com o barril a negociar nos 128,31 dólares, seguindo-se o da Guiné Equatorial (Zafiro), nos 127,10 dólares.
O preço médio do barril usado como referência pela OPEP atingiu 117,72 dólares em Junho, 3,4% acima do mês anterior.
De acordo com fontes secundárias, citadas no relatório, a produção total de petróleo bruto da OPEP-13 foi em média de 28,72 milhões de barris/dia em Junho de 2022, mais 234.000 do que no mês anterior.
A produção de petróleo bruto aumentou principalmente na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irão, Kuwait e Angola, enquanto a produção na Líbia e na Venezuela diminuiu.
Em Maio, a ministra das Finanças de Angola, Vera Daves de Sousa, disse que o Governo reviu em alta a previsão de crescimento económico para este ano, antecipando agora uma expansão de 2,7% devido ao aumento do preço do petróleo.
“Sim, revimos a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano para 2,7%, considerando o mesmo ritmo de 1,14 milhões de barris de petróleo por dia e um preço a rondar os 100 dólares”, disse Vera Daves de Sousa, quando questionada durante a conferência da Bloomberg sobre África, que decorreu a partir de Londres.
Angola saiu da recessão que durava desde 2016 no ano passado, registando um crescimento de 0,7%, e previa aprofundar a recuperação, com uma expansão económica de 2,4% este ano.
Na entrevista concedida durante a conferência ‘Bloomberg Invest: Focus on Africa’, a ministra das Finanças foi também questionada sobre a possibilidade de Angola aumentar as exportações de petróleo e gás para a Europa, compensando a quebra nas vendas à Rússia.
“Sim, temos a vontade política e abertura para o fazer, mas precisamos de muito trabalho de casa para conseguir dar resposta a essa necessidade da União Europeia”, respondeu Vera Daves de Sousa, salientando que entre o investimento e o retorno passam anos.
“Nós viemos de um cenário de queda da produção, estamos a motivar as companhias a fazerem mais investimentos, através de reformas, e estamos a ver os primeiros resultados, mas demora tempo, entre os investimentos que começam agora e os resultados, demora entre dois e cinco anos, por isso sim, queremos e estamos preparados [para aumentar as exportações para a Europa] mas vai demorar tempo para conseguirmos corresponder às expectativas”, explicou a governante.
Novidade? Nenhuma. Em Dezembro passado, o FMI referiu que Angola deverá acelerar o crescimento económico para 2,9% em 2022, o que representa uma revisão em alta face aos 2,6% anteriormente previstos pelo Fundo Monetário Internacional, e registar um crescimento médio de longo prazo em torno dos 4%, disse o FMI, sustentando a previsão “na implementação das reformas estruturais”, que roubam aos milhões que têm pouco, ou nada, para dar aos poucos que têm milhões.
Ainda segundo o FMI, na análise – repita-se – do final de 2021, a inflação “deverá começar gradualmente a abrandar em 2022”, enquanto o rácio da dívida pública deverá cair para 78,9% em 2022, ajudada não só pelo regresso ao crescimento económico, mas também pela valorização do kwanza durante este ano.
“As políticas prudentes das autoridades angolanas contribuíram para fortalecer a estabilidade e a sustentabilidade ao abrigo do programa, apesar das difíceis condições económicas; ajudadas pela recente subida dos preços do petróleo, esta disciplina nas políticas e o compromisso com as reformas também começaram a melhorar o desempenho económico, colocando Angola no caminho da recuperação dos múltiplos choques e da recessão plurianual que sofreu”, conclui o FMI.
Folha 8 com Lusa